quinta-feira, 12 de abril de 2007

Mentira e Incompetência



O "engenhêro" Pinto de Sousa

Sócrates licenciou-se num domingo
Expresso - 30/03/2007


De toda a balbúrdia que por aí vai, sinceramente, pouco me importa se o 1º ministro é ou não engenheiro, arquitecto ou mecânico de tractores…
O que me aborrece profundamente é a mentalidade "do canudo" que continua a grassar nas mentes desta população "à beira-mar-plantada", a subordinação aos titulos (aos "dótôres") e o desprezo pela competência !

O caso vertente do senhor Pinto de Sousa (José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa) não apresenta a dualidade "canudo vs competência" porque, como todos constatamos, se o 1º ministro não é licenciado, tão pouco é competente.

Com a devida vénia ao interessado, que não nomearei, permito-me relatar um caso que é paradigma da infortunada mentalidade que concede prioridade a uma licenciatura, reconhecida pelas corporações universitárias locais, sobre a demonstrada competência.
Pelo ano de 1978, numa época em que a "informática" ainda por cá se chamava "mecanografia", um velho amigo meu (então com 35 anos) foi "convidado" (repito, "foi convidado") pelo director da EDP-DODN para assumir a chefia do "Centro Mecanográfico" sito na rua Alexandre Herculano, no Porto.
Homem de larga experiência em grandes computadores de gestão ("L'Oreal" e "Michelin"), foi aconselhado à EDP pelo representante do equipamento que estava previsto instalar, um Honeywell Bull.
Excelente técnico, bom gestor e… senhor de uma inquebrantável personalidade, o meu amigo recusou participar em provas de aptidão a serem realizadas por meia dúzia de tecnocratas, que de informática conheciam fotografias, e um grupo de "kamaradas" da auto-denominada "comissão de trabalhadores". Era pegar ou… largar !
E a EDP pegou, e bem, porque em apenas dois anos de intenso e dedicado trabalho, a EDP-DODN tinha um verdadeiro "Centro de Informática" que havia passado de 12 a 72 técnicos, citado em várias publicações (desde "O Primeiro de Janeiro" ao "Jornal"), premiado pelo construtor, homenageado e visitado por técnicos de informática vindos de vários países (lembro a Bélgica, Itália e Marrocos entre outros).
Pela primeira vez em Portugal a informática foi descentralizada e colocaram-se computadores "satélite" em Viana do Castelo e Braga (e uma previsão para Vila Real e Bragança).
Porém, e aqui regressamos "à meada", em determinado momento (já em 1980 e com o mais dificil trabalho realizado) os funcionários da burocracia (que odeiam a competência) exigiram que para continuar nas funções, que ocupava há dois anos, tinha que apresentar uma licenciatura de engenheiro "reconhecida em Portugal". Assim que, a licenciatura de "engenheiro sistemas" que o meu amigo obtivera em França, não sendo reconhecida pela "Ordem" do betão armado… de nada valia.
Foi colocado numa "prateleira" administrativa, mas por pouco tempo, pois apresentou a demissão !
Um caso real, bem demonstrativo de um dos principais factores da emigração de técnicos e intelectuais e consequente incompetência e pasmaceira ambiente em que este País continua mergulhado !

O assunto referente ao senhor Pinto de Sousa é diferente por duas razões :
1. é mentiroso ao dizer ser "engenhêro", o que comprovadamente não é ;
2. é incompetente, como a sua prática politica publicamente demonstra.

Claro que, também é politicamente desonesto.
Se assim não fosse já teria apresentado a demissão !

Mas, ser mentiroso, incompetente e politicamente desonesto serão razões para que, em Portugal, um politico demita ?

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu não votei nele nem no Cavaco, por isso posso criticar à vontade. Portugal é governado por senhores que sabem tudo e nunca se enganam. Pobres de nós, por isso é que o País não avança!