quinta-feira, 19 de abril de 2007

Crónica de uma derrota anunciada !





25 de Abril de 1974



2/8 - Os primeiros acordes

Entretanto, afectada pela imigração e preocupada pela guerra de África, pelos seus mortos e feridos, o população, prenhe de propaganda democrata-comunista, desejava uma mudança na “situação” politica.
A mudança de regime seria a panaceia universal, a demagogia dos democratas convenceu as gentes de que iriam trabalhar menos e ... ganhar mais, muito mais. Alguns já se imaginavam com o nível de vida dos suiços !

Dizia-se que, quando Salazar discursava, o fazia de forma hermética e, muitas vezes, metafórica pelo que nem todos compreendiam o que ele dizia, embora todos soubessem perfeitamente o que ele queria ; com Caetano compreendia-se bem o que ele dizia, mas ninguém sabia o que ele queria ! Alguns perguntavam-se se ele mesmo o saberia ?

A situação em África apresentava-se estável, mais pela flagrante incompetência dos "independentistas" que pelos combates travados.
Em Moçambique, o general Kaulza de Arriaga, através da sua técnicamente perfeita operação “Nó Górdio”, desmantelou os insurrectos ; em Angola as forças armadas controlavam a situação militar que, à parte algumas escaramuças, era de certa calma ; na Guiné a situação era mais instável, pela pequena superficie do território como pela proximidade de paises como a Guiné Conakri e o Senegal que infiltravam homens e material e eram um “santuário” para os que atacavam as forças portugueses.

O receio a uma vitória militar portuguesa em África acelera a decisão da “Nova Ordem Mundial” para a intervenção em Portugal, previamente planificada para uma actuação a nivel da peninsula, após a morte do general Franco.

Em Abril de 1973 uma reunião na embaixada americana em Paris reunirá os opositores ao regime do Estado Novo.
Entre os presentes contava-se Mario Soares, um apagado advogado marxista, ex-PCP, que estivera relacionado com Humberto Delgado (e com a sua morte), e o secretário geral do PCP, Alvaro Barreirinhas Cunhal.
Posteriores encontros no estrangeiro entre várias representações da oposição portuguesa (a marxista e "os-outros") parecem ultimar o "timing" do "golpe", embora com os dados actuais nos pareça que o objectivo foi essencialmente de enganar os não-marxistas, que aceitaram credulamente toda a fantasia que lhes "despejavam em cima".
Uma informação proveniente de Espanha revelou um encontro, nos arredores de Paris, entre dois militares portugueses e um elemento da D.G.I. cubana (serviços de espionagem) que era seguido pela policia espanhola.
Acentuava-se a sensação de que algo estava iminente !

Dentro do Estado Novo, as toupeiras iam escavando os alicerces !
Prestemos atenção a dois acontecimentos que arriscam vir a passar despercebidos, ofuscados por outros, mas que terão grande influência no despoletar do "golpe"

O primeiro, em 1972, refere-se à entrevista que o general António de Spinola solicitou a Marcelo Caetano, dando-lhe conhecimento de um encontro que, como comandante-chefe e governador da Guiné-Bissau, tivera com o presidente Senghor do Senegal, o qual levantou a hipótese de um possivel encontro de Amilcar Cabral do PAIGC (partido independentista), com o chefe do governo português, tendo em vista a negociação de um cessar-fogo e posterior colaboração daquele partido no governo da provincia.
Escandalizado com a recusa recebida, acompanhada da ordem de “antes derrotado que negociar”, Spinola, agora convencido de que o governo não queria encontrar uma solução politica, abandona o comando da Guiné e … começa a escrever um livro, que veio a receber o titulo de “Portugal e o Futuro”.
Quando, após a saída de Spinola do comando da Guiné, Marcelo Caetano perguntou ao chefe do Estado-Maior General se a Guiné era defensável e se deveria ser defendida, a resposta desse general foi inequívocamente afirmativa. Esse general era Francisco da Costa Gomes, de quem os serviços de informação franceses, espanhóis e americanos possuiam informações sobre as suas ligações com o KGB !
Porquê um cripto-comunista queria manter a guerra na Guiné ?
Seguramente pela instabilidade criada ao Regime e porque a situação na Guiné estava mais controlada pelos norte-americanos que em Angola ou Moçambique onde os soviéticos levavam vantagem.”

O segundo, em 1973, é provocado pelo sistema adoptado pelo governo, sob proposta do ministro da Defesa e do Exército, general Sá Viana Rebelo, para solucionar o problema das graduações e promoções dos oficiais milicianos.
Por evidente provocação dos autores, o sistema revelou-se despropositado e fomentador de profundo desagrado sobretudo entre os oficiais do quadro.
Para tentar remendar a situação, substituiu-se o indesejado decreto-lei 353/73, de 13 de Julho, pelo decreto-lei 409/73 de 20 de Agosto.
O mal, porém, já estava feito e a contestação dos militares torna-se cada vez mais firme, levando-os “a protestar em termos vivos contra os decretos” como consta de uma exposição de oficiais do quadro permanente do Exército em serviço na Guiné. O pretexto fora encontrado, e estava desencadeado o “movimento dos capitães”, como passou a ser conhecido.

1 comentário:

Anónimo disse...

Si Alberto Sordi era el máximo exponente de cierto prototipo "romanesco"......Mario Soares.....¿prototipo del político lisboeta ?