domingo, 22 de abril de 2007

Crónica de uma derrota anunciada !




25 de Abril de 1974
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5/8 A golpada



Consolidavam-se os últimos preparativos !
A 19, 20 e 21 de Abril, em Megève, no Hotel de "Mont d'Arbois" (propriedade de Edmond Rothschild) numa reunião da cúpula mundialista "Trilateral" (Secretário Geral da OTAN, Nelson Rockfeller, Helmut Schmit, Giovanni Agnelli, etc.) foi confirmada a decisão de iniciar a "normalização" de Portugal a 25 de Abril de 1974.

Alguns dias antes o partido comunista inicia a distribuição de panfletos e a divulgação de senhas e contra-senhas pelos núcleos de 1ª linha ; se “os ingénuos” encravassem o processo e o “movimento” não arrancasse como previsto na madrugada de 24 a 25, seriam criadas tais condições de instabilidade que eles não teriam outra solução senão acompanhar “os profissionais”.

Os norte-americanos, depois de avisar o governo espanhol sobre a realização de exercicios militares envolvendo sistemas de transmissão “que podiam pertubar outras comunicações”, triangularam a zona de operações a partir de um navio ao largo da costa portuguesa, integrado numa esquadra que o protegia dos sempre curiosos barcos de pesca soviéticos que, por coincidência, navegavam nas proximidades, e desde duas bases norte-americanas em território espanhol : “Torrejón de Ardoz” e “Rota”.
O sr. Stuart Nash Scott, embaixador norte-americano em Lisboa, tranquilizara a Administração americana que só parecia preocupada com alguma reacção que pudesse vir da chamada extrema-direita, leia-se : general Kaulza de Arriaga.

Enquanto Portugal dormia, na madrugada de 25 de Abril, só faltou o mangerico !
Umas canções, outras tantas músicas, uns oxidados "Chaimites" e uns recrutas armados de velhas espingardas Mauser, foram o suficiente para que, o sempre obediente, Marcelo Caetano se refugia-se no quartel da GNR no Carmo (Lisboa), em vez de seguir para Monsanto, como fizera em 16 de Março. Pensaria ainda no “cenário” em que o Almirante Américo Thomaz era demitido e ele mantinha o Poder ?
Ás sete da manhã, antes que os primeiros “Chaimites” chegassem ao Terreiro do Paço, já lá estava mais de um milhar de militantes comunistas e socialistas arvorando letreiros contra a “guerra colonial” e o “fascismo” ! As brigadas comunistas ocupavam posições e desestabilizavam a situação.

Alguns meses após o arranque do golpe de Estado, ainda alguns dos componentes do “movimento” acreditavam que a data fora escolhida por eles à última hora !
Como se a máquina militar norte-americana estivesse pendente do que iam decidir meia-dúzia de "aprendizes de feiticeiro" para pôr em marcha todo o processo de interferências e intervenções nas transmissões.
Como se, para a execução do previsto, não fosse suficiente o sistema de transmissões “made-in-USA” operado por um especialista como o Ten-coronel Garcia dos Santos, apoiado pelos sofisticados sistemas que os norte-americanos manejavam em terra, mar e ar.
A música sobre “Grândola”, e outros folclores do género, como os cravos (ideia importada de Cuba), foram representação para a “plateia”, mas deu um certo ar de “movimento popular", de revolução caseira” ao som de uma marchinha. O espectador gosta…

Do lado governamental, desde as primeiras horas da madrugada, a confusão era total.
À parte as tentativas do general Luz Cunha e do brigadeiro Junqueira dos Reis, respectivamente 1º e 2º comandantes da Região Militar de Lisboa, de tentarem organizar a resistência, tudo vinha abaixo naquele rebuliço em que ninguém entendia ninguém.
Nas comunicações-rádio ouviam-se ordens contraditórias, interferências de toda a espécie, comunicações em inglês (americano) que não vinham a propósito etc, etc.
Mas, se do lado governamental as transmissões não funcionavam devidamente, ou simplesmente não funcionavam, do lado revoltoso as comunicações eram nítidas e precisas
As interferências electrónicas "made in USA" funcionavam, e o trabalho de sapa realizado sob as ordens de Garcia dos Santos, também !
Por exemplo, uns dias antes (a 22 de Abril) a Escola Prática de Transmissões (EPTm), recebe autorização do Estado-Maior do Exército (EME), "por proposta do ten-coronel Garcia dos Santos", para o estabelecimento de uma linha directa com o RE 1, da Pontinha, numa extensão de 4 quilómetros. Inicia-se, sem demora, a sua instalação que ficará concluída em menos de 24 horas. Tal iniciativa viria a permitir ao Posto de Comando do MFA o acesso permanente às escutas das redes de transmissões militares e das forças de segurança, missão de apoio técnico cometida à primeira unidade militar.
Claro … o grupo de Garcia dos Santos, com os sistemas de intervenção electrónica dos norte-americanos, funcionava às mil maravilhas !

O comando do “movimento” estava instalado no quartel de Engenharia 1, na Pontinha, em Lisboa, e é desde lá que se contacta para a residência do general Spinola, dando-lhe instruções para se dirigir ao quartel do Carmo, aceitar a rendição de Marcelo e conduzi-lo ao comando onde se lhe reuniria o Almirante Américo Thomaz. Posteriormente, acompanhados de outros dignatários do ex-Regime, foram enviados para o Funchal, em residência vigiada.
O golpe de Estado declarava-se vencedor dum esclerosado e incipiente Regime que só esperava que o derrubassem.

Os “Chaimites”, velhos e obsoletos carros blindados para transporte de tropas, que o “movimento” passeava pelas ruas de Lisboa e Porto, tinham como objectivo fazer crer à maioria da população portuguesa, através da rádio e da televisão, que a "revolução militar" era forte e imparável.
Quem viveu esses momentos recordará cenas caricatas como aquela que vivi na rua do Heroísmo, no Porto, na madrugada de 26 para 27, em que pendurados num velho "Chaimite" parado por falta de combustível, uns recrutas famélicos trocavam as velhas espingardas de parada por algum alimento...

Os militares na rua foi uma acção psicológica que os marxistas, como alunos exemplares da "Nova Ordem Mundial", utilizaram para ludibriar a população e, progressivamente, controlarem o Poder.
A maioria dos agentes e outros funcionários da PIDE/DGS constituiram-se prisioneiros e abriram-se as portas da prisão aos detidos por razões politicas (e não só).

2 comentários:

Anónimo disse...

Y Antonio Rosa Casaco, a bordo de su flamante Lancia Fluvia, tomó la carretera rumbo a España.......

Anónimo disse...

Creo que el MAE del Reino de España, en aquella época, era don Pedro Cortina Mauri, padre de uno de los famosos banqueros "Los Albertos"........