terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Viagens na minha terra...



Teatro S. João e "Caixote da música"
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Da urbe, da arquitectura e dos "modernismos"

Chegando ao Porto utilizando o comboio, nosso meio de transporte favorito, atravessamos o magnifico átrio da estação de S.Bento, um projecto inicial do arquitecto Marques da Silva com desenho exterior de clara influência arquitectónica francesa da época, e cuja primeira pedra foi colocada pelo rei D. Carlos I em 1900, no local anteriormente ocupado pelo convento de São Bento de Avé Maria.
Passamos em frente da igreja dos Congregados, construída pela Congregação dos Oratorianos (1703), atravessamos a Praça Nova (agora da Liberdade !) e postamo-nos no passeio das Cardosas… olhando para aquele desolador espectáculo em que a autarquia, conivente com uns "arquitectos eleitos", transformou a Avenida (dita dos Aliados).
As estátuas simbolizando a "juventude" e a "abundância", anteriormente rodeadas de jardim com flores, são agora como oásis num deserto de granito. Talvez que o objectivo fosse encher tudo de areia… mas faltou a coragem ! Reminiscências do Neguev ?

Justo diante de nós, como que desafiando-nos insolentemente, a estátua equestre do Pedro IV, um rei usurpador, mação e opcionalmente brasileiro. No outro extremo, lá no cimo junto à Câmara, em frente a uma espécie de grande pia, a que a genialidade dos já citados "arquitectos eleitos" denomina "lago", aí está outro mação, o João Leitão de Almeida Garrett.
Entretanto, a "estátua ao Porto" (principios do século XIX), de autoria do Mestre pedreiro João da Silva (pedreiro de martelo e cinzel, não especulativo), que merecia ocupar um desses locais, permanece "escondida" na zona da Sé, frente a um monte de betão-armado com janelas (a que chamam edificio), uma "coisa" anti-estética e "pirosa".

Um amigo quiz mostrar-nos algo que "nos gostaria imenso" (com uma piscadela d'olho).
E vai daí, lá tomamos rumo à Rotunda da Boavista, onde impera a estátua às Guerras Peninsulares, com o leão ("albion") destroçando a águia ("napoleónica"), lembrança dos combates do século XIX em que ajudamos os ingleses a manter-nos colonizados.
Ao lado, onde antigamente estava a garagem dos carros eléctricos, oh surpresa… oh susto…
Aí estava, iluminada como se fosse a pirâmide de Khufu, integrada no ambiente como uma bananeira no meio de tulipas, a "Casa da Música"…
Uma horrorosa e "pluriédrica" invenção de um holandês, jornalista convertido à arquitectura, chamado Rem Koolhaas !
Não sei quem descobriu o sr. Koolhaas, nem sei como se repartiram os cerca de 20.000 milhões de escudos que custou a "coisa", mas sei que não passa de um grotesco e extravagante atentado ao meio ambiente, um insulto à musa "Terpsícore" e uma provocação ao bom senso !
Uma cidade que comparte o românico com o gótico e o barroco, de António Pereira a Nicolau Nasoni, a Eiffel e a Marques da Silva, tem que sofrer agora as arremetidas do burlesco e excêntrico pós-pós-moderno.

Contemple-se o magnifico Teatro Nacional de S. João, inaugurado em 1798 e posteriormente restaurado, com uma imponente frontaria guarnecida por quatro colunas jónicas, entre as quais se abrem três janelas de arco pleno e outras tantas portas.
Olhe-se agora para a "capoeira que instalaram junto aos jardins da Boavista !
Não, não se compare… não se pode comparar uma expressão artistica com essas "coisas" que a contemporaneidade do "politicamente correcto" nos quer impingir como arte.

É que, na democracia ambiente, para ter uma estátua em evidência, apelidar uma artéria citadina, ser encarregue de obras de requalificação urbana ou erigir "elefantes brancos", a afiliação em certos "grémios, cabanas ou lojas" concede prioridades. E os resultados são bem visíveis !

3 comentários:

Anónimo disse...

Perfida Albion: Carrascos ruivos do Tamisa (Fialho de Almeida)

Anónimo disse...

El rey inglés Jorge V.....¿Fue leal al Rey don Carlos I de Portugal y a la sensata Reina Consorte Doña María Amelia?

Anónimo disse...

El edificio de Moneo, en la plaza de Sta. Teresa de Avila.......