quinta-feira, 12 de julho de 2007

Os Gouvarinhos da modernidade (2/2)



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os "imensamente" provocadores
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Após tomar uns sais para acalmar a alegria que as palavras do "President" lhe tinham provocado, lá foi o Torres aconselhar-se junto do seu colega euro-deputado Macheco Macieira que, reunido com um grupo de políticos no activo, fazia valer as suas profundas convicções sacro-marxistas de sensibilidade liberal-socialista, lançando uma poderosa diatribe contra a morosidade em construir auto-estradas, estradas e circulares.
Lá no fundo da sala, uns membros da "aead" ("associação de empreiteiros amigos da democracia"), abriam a quinta garrafa de "Veuve Coquelicot"…

Após o "recado" aos políticos de turno, Macieira acedeu conversar em privado com o anfitrião, começando por dizer-lhe :
- A implicação da sua problemática nos paradigmas apodíticos da dualidade circunstante…
- Alto lá, ó Macieira, não entendo patavina da sua lengalenga… Que diz vocemecê ?
- Nada… "words, words, words…", não quer dizer nada, mas diga lá que não é bonito ?
- Deixe-se de tretas que isto não é o europarlamento… e eu estou assustado !
- De quê, homem ? estamos em democracia e do lado bom da barreira, assim que… a menos que seja ainda o assunto das suas filhas ?
- Pois é, homem, pois é.
- Ó Torres… não se preocupe que temos a segurança assegurada. Descanse !

Para aqueles que não conhecem os pormenores da história, revelamos aqui (confidencialmente) a razão da preocupação do eurodeputado Torres.
Tem sua excelência duas filhas gémeas, frequentadoras do colégio inglês onde são conhecidas como as "Torres gêmeas" ("Twin Towers")… ora, com todo este terrorismo à solta, é compreensível que o Felizberto D'Almeida Torres sinta um certo "cagaço" pela segurança das Torres, ou seja da prole.
A primeira lição de segurança máxima que papa Torres deu às meninas Torres, consistiu em dizer-lhes que, no regresso da "school", se ouvissem um avião, pensassem que podia ser algum primo do Bin Landen e se colocassem de imediato debaixo de qualquer protecção, desde um telhado a um autocarro.
Como na prática não se encontram muitos telhados pela rua, isso já provocou que fossem atropeladas 14 vezes… mas a verdade é que nunca foram atingindas por um Boeing sequestrado. O que é demonstrativo de quanto o método é eficaz !

Haverá quem insinue que a segurança que envolve a mansão dos Torres, também protege sub-repticiamente (num sotão da mansão) uns irredutíveis-democratas do BE que preparam a nova parada do "orgulho gay", imprimem panfletos pelo aborto obrigatório e pela entrada massiva de gentios alógenas.
Também é confidencialmente secreto que num curral, disfarçado de capela à Senhora da Agonia, os crentes na doutrina da seita denominada "Liga dos homens justos", e do seu Manifesto, escrito pelo neto de um rabino, aguardam a chegada iminente do exército vermelho à fronteira do Caia.

Rezam as crónicas que, certa vez, no declinar de um sarau, quando os convivas já metiam os talheres de prata ao bolso, o politico-reservista Rabelo de Sôsa (sempre oportuno), referiu o "perigo reaccionário"…
- A que reaccionários se refere , Rabelo ?, indaga uma conselheira pedicura do Centro Cultural de Belém (e funcionária da "secreta").
- Se se refere aos que defendem a nação do Guadiana ao Minho (e por essa ordem), a Pátria de Camões e de Obikwelo, a bandeira da Carbonária (a azul e branca é portista) e os pendões do Nuno Alvares, esclarece um autarca-progressista, esses são mansos… quero dizer, inocentes.
- Mas, "cuidé" com os outros,
exclama Arménio, um pedreiro da Areosa, ex-emigrante em França, e assessor percussionista no "cubo da música"…
- Tem razão, reforça a calista do CCB (e da "secreta"), haverá que ter cuidado com os outros reaccionários… aqueles que não vão em cortejos "pró-pátria" nem imploram a virgem e o santo Balaguer… A esses deviamos chamar-lhes, depreciativamente, "nacionalistas"…

Perante a palavra "nacionalista"… ouvem-se gritos dos circunstantes, damas do CDS/PP entoam "Nearer, my God, to Thee" como se estivessem em pleno naufrágio do Titanic, uma procissão de velas inicia-se de imediato entre a adega e o galinheiro, lá ao longe um gato mia, uma rata abandona o barco, e cá mais perto alguém salta para a piscina, gritando "Jeróoonimo"…
"É a luta final…", cantam uns, enquanto outros perguntam "p'ra que lado fica Fátima ?".
Desmaiam dois "travestis" caipiras, assessores de imagem de vários politicos…
Sobre um "pechiché", brandindo um espanador, um militar de Abril, ferido de guerra (três vezes no boné e uma no tacão da bota em que se refugiara), vocifera "Às armas, às armas cidadãos…".

Apavorante… Tremendo… Alucinante…

Alguém corre a chamar um exorcista, que não tarda 5 minutos em chegar correndo, uma mão a levantar a beira do saiote, outra brandindo uma cruz e, como não tinha mais mãos, um bota-fumeiro ao pescoço ! Os crentes tranquilizam-se…
O naufrágio de Manuel de Sepúlveda ou do Poseidon, eram autênticas romarias comparando com o pânico que provocou o termo "nacionalista", pronunciado pela pedicura do CCB (e da "secreta").

Perante o cataclismo, o "apocalipse now" que se avizinhava, o conselheiro Anastásio, colocando o "pince-nez", tenta apaziguar os ânimos explicando :
- Damas e Cavalheiros, os que se afirmam nacionalistas dividem-se entre si em :
1. - os que não têm nem ideia do que é o nacionalismo (85%) ;
2. - os que creem já ter ouvido falar "nisso" (14%) ;
3. - os que sabem o que é o nacionalismo, e o defendem (1%).
Assim que, "nada de pânico" pois a situação está controlada.
Nunca passará nada de grave à democracia, porém… como nunca se sabe… vão-se pirando… as mulheres e os travestis primeiro !

Nesse momento chegam os Bombeiros, a Protecção Civil e um picheleiro que vem receber uma facturinha em atraso…
Os helicópteros contra-incêndios fazem voos razantes… Os cacilheiros apitam… Os rabelos alçam as velas…
O clamor é demencial… sobe aos céus e desperta S. Pedro que, furibundo, lança raios e coriscos…
A confusão é grande, mas a fé dos democratas é imensa… O "nacionalismo" é amaldiçoado, excomungado, condenado ao GULAG e a ser fusilado três vezes por semana com balas enferrujadas para que se infecte com o tétano.

Para o dia seguinte ficou previsto um "Te Deum laudamus" na catedral, sessão iniciática na Loja, reunião de esclarecimento na célula e reflexão no retiro.
Missa est !
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comentário
os nacionalistas, curiosidade política de uma época em que oportunismo era um termo depreciativo, são (no pós-pós-modernismo) apontados a dedo como "avis raris", designados de reaccionários, devoradores de criancinhas e furibundos herejes.
Nos meios mais intelectualizados, os que coleccionam biografias dos jogadores de futebol e recortam o calendário do Matulinho, a demoninação é mais "soft" e fica-se pelo epíteto de "antiquados"… de "démodés", como diria a menina Juju de Sôsa, fazendo beicinho para que lhe saia um expiro com sotaque parisiense "rive-gauche".

"Les démodés", "os fora de moda", aqueles que sabem que "país" não é sinónimo de "nação", nem "população" de "povo".
Aqueles que pensam ser necessária a "nação" para haver "nacionalismo".
Os que consideram que sem uma unidade povo + cultura + território, a "nação" é um logro, uma fraude e uma falácia.
Enfim, uns "imensamente provocadores" !

1 comentário:

Anónimo disse...

saavedra cita siempre la planta 72 del rascacielos 666